quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Deus Ex Machina parte 2: A recreação dos nomes
Foi no palco entre mundos que ele apagou as Luzes; seus olhos eram supernovas. Um pássaro noturno que observava o comportamento da imensidão: se piscasse uma vez, era capaz de criar eclipses de matizes nunca vistos por nenhum ser consciente; se selasse as pálpebras, contemplaria a si como Essência.
Ao caminhar pelo Éden das experimentações reconheceu sua nudez e envolveu-se em um manto de nebulosas. Assim, tornou-se um vórtice de quaisquer autoridades humanas ou divinas: um devorador febril do conformismo metafísico. Uma singularidade personificada a banhar-se em preciosidades oníricas e deleitar-se com enigmas moleculares: aqueles jogos raros cujas regras estavam sempre a mudar, fascinando quem estivesse disposto a fazer parte deles por instantes.
Sentiu a fertilidade em si: a expulsão da semente, a queda e uma nova existência a germinar em busca de um céu virginal. Ainda que, nunca tocasse o Âmago, tinha a face da consciência voltada para o alto.
Desenhou seu próprio semelhante de várias formas e elas dialogavam com uma linguagem secreta. Os nomes brincavam... As plurissignificâncias do fluir criativo, ali – naquele fragmento do relicário original – nasciam, amavam-se e destruíam-se. O húmus cósmico renovava-se através daquelas primazias.
Viu-se num jardim estelar e notou que o mundo dos homens era uma sumaúma flutuante com raízes intermináveis e galhos que desapareciam em ascensão.
Contudo, havia ainda, mais além de si, uma floresta imensa, com outras espécies em número semelhante ao das galáxias. Seus formatos podiam ser intuídos e surpreendiam em naturezas vivas, mortas e etéreas. Aquela exuberância era tão substancial à percepção que pulsava como um grande coração.
Do vazio ao efêmero, um ciclo permutava medidas e consensos.
Zeca sabia: aquilo era sagrado. E durante nove giros da ampulheta, entre o silêncio poético e o que está além da voz, recriou-se.
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5 comentários:
Fui o primeiro a ler e sempre serei o primeiro a afirmar, quando pensamos que não existe mais nenhuma direção para onde as mentes brilhantes ousaram perscrutar, aí vem você e diz:
- Olha para lá!
Evoluindo sempre. Parabéns!
Pra ser sincero , eu acho que quanto mais objetivo é um texto melhor , seja ele qual for , não por preguiça , mas pela dinamica para mim a arte soa melhor , claro que isso NÃO é uma regra ,ou eu me limite a isso...é só o modo que eu vejo mesmo...pura opnião.
Entretanto , independente de gosto pessoal , tu escreve bem pra caralho e a história JÁ consegue ficar envolvente mesmo tão curta , eu não sei se é magia negra , ou essas paradas , mas tem gente que nasce pra roubar , outros pra ganhar dinheiro , e uns pra escrever.
Cara... Vc escreve de um modo visceral! Só li coisas assim do Neil gaiman em Sandman.
Tá de parabéns!!!
Muito bom mesmo!!!
Ao ler fiquei boquiaberto! O texto está muito bem escrito e o blog está muito bem configurado! Amei a distribuição blogal :P. Múscias bem legais também, do jeito que eu gosto! Seu banner está em meu blog. Espero que visite. Abraço forte!
Estamos esperando anciosamente pela continuação! Quando sai???
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